No caminho, momentinho 'cai a ficha - não, cai a BIGORNA". O Trun tava dizendo que a fruta da palmeira cambojana era muito gostosa, aí eu disse que queria provar. "Ah, minha amiga tem uma loja mais pra frente na estrada, a gente para lá."
Paramos na tal loja, que vendia echarpes e rapaduras de palmeira cambojana. A moça, muito simpática, estava descascando umas frutas e deu uma pra mim e uma pro Clinton. Muito gostosas, cheias de suco e bem docinhas. Parecia um coco, mas como se vc conseguisse tirar toda a parte verde e servir só uma 'bolha' branca cheia de água. Agradeci (Ah-cum, Ah-cum!) e perguntei qto custaram as frutas. "Nãh, é presente", ela disse. Aí eu peguei uma rapadura e perguntei "Então posso levar um desses? Quanto custa? Dois dólares tá bom?", e entreguei dois dólares pra ela, achando de verdade q esse era mais ou menos o preço.
Gente, a moça só faltou chorar.
Ela pegou os dois dólares, mas tremia, ria, falava umas coisas que eu não entendia lhufas, e desatou a encher um saco plástico com frutas. E fez sinal pra eu levar a rapadura E as frutas. "Ela faz questão que você leve", o Trun traduziu. Eu agradeci, mas fiquei meio passada. MANO, a menina passa o dia numa lojinha (entenda-se, tábua com produtos em cima e uma coberturinha de capim) na estrada no fim do mundo, mexendo num tacho no chão pra fazer a rapadura, e quase teve um ataque do coração qdo eu dei dois dólares, tipo, cinco reais, pra ela por um pote de uns 400g de rapadura. Gente, que mundo é esse? Por que uns com tanto e uns com tão pouco?
Mas anfã, tinha fruta pra comer o dia inteiro - e foi bem isso que fizemos. Ainda compramos mais uma melancia numa 'loja' mais pra frente, e finalmente chegamos a Beng Mealea.
Há umas plataformas de madeira para andar por esse templo gigantesco. Os 'Tours de Pato' (aqueles com a mamãe pata na frente e os patinhos atrás) só percorrem o caminhozinho e não embora. Mas na verdade você pode sair das plataformas e andar por todas as ruínas. Elas estão praticamente no mesmo estado em que foram encontradas, há 4 décadas. E são caóticas. Você sobe, desce,escala, entra em túneis, sai nos lugares mais esquisitos.
Como o lugar é gigantesco e a maioria das pessoas não se arrisca a sair do caminho marcadinho, dá pra explorar esse templo sem ser atropelado por hordas de turistas. Ele não é tão bonito (porque tá todo quebrado), mas é muito divertido e relaxante - tem árvores crescendo pra todo lado. E essa história de subir e descer das paredes dá uma sensação gostosa de Indiana Jones.
Apesar do trampo que é chegar (e atravessar) esse lugar, vale a pena o passeio. É muito bonito, e de vez em quando você acha um corredor com figuras em boa qualidade ou uma ou outra sala com estátuas. Só precisa procurar.
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