29.9.10

As aventuras da Pá na terra do Rei Arthur - 6º dia

O despertador funcionou direitinho. Levantei e peguei a roupa, que já tinha deixado no pé da cama. Me despedi da Mariana (ela é uma fofa) com muitos abraços e beijos, para estranhamento da coreana da cama de baixo.

Desci, tomei café e me encontrei com a Gabi e a Dani, que vão comigo no ônibus. Aliás, acordei sem voz. A garganta não tá doendo, mas o nariz tá coçando e a voz sumiu. Tomei um antialérgico e um suco de laranja e booooora pro buzinho, começar o tour. Eles nos pegaram pontualmente às 8h25 no hostel, e fomos para Stonehenge. deu mais ou menos uma hora e meia de viagem, passando por grandes sequências de grama. Não tem montanhas pra esses lados, e ver os carros vindo a milhão na pista da direita sempre dá a impressão que vai bater :P

Fiquei papeando com a Dani sobre o trabalho dela, que é babá numa casa de família na Alemanha. Ainda deu tempo de tirar um cochilo, até que chegamos.
Eu tinha a impressão que as pedras eram maiores. Ainda assim, é muito impressionante. Quando a guia, chamada Gemma, disse que aquelas pedras de até 80 toneladas só eram encontradas em Gales, deu no que pensar. Trouxeram de lá, ou esgostaram totalmente alguma jazida inglesa, hoje desconhecida? Teria ficado mais tempo lá (ficamos uma hora), apesar do vento sem fim, porque dá a maior vontade de sentar e ficar olhando, olhando... Porque não é só um monte de pedras empilhadas. Elas têm encaixes, e o sol passa certinho entre elas. Uma coisa de doido.

De lá, fomos para o lugar que eu mais queria conhecer: Glastonbury. Você sabe que chegou quando passa pelo Tor (palavra celta pra 'colina'). É um morrinho com uma torre. A área onde fica essa cidade, originalmente, ficava alagada, e muitos acreditam que o Tor fosse a antiga ilha de Avalon - antes que toda a região de Sommerset fosse drenada e aterrada.

Atravessamos campos militares com placas de "Cuidado, tanque cruzando a pista", e chegamos ao centro da cidade, onde estão as ruínas da abadia de Glastonbury, que era a maior da Inglaterra. Isso porque diz-se que a região era frequentada por José de Arimateia, tio de Jesus, e como existem fases da vida do Cristo que não são documentadas, pergunta-se se ele não poderia ter levado o próprio jesus até lá em alguma de suas viagens.


Sendo a maior abadia da Inglaterra, foi a que mais sofreu com a decisão de Henrique VIII (é, aquele da Ana Bolena...) de romper com a Igreja Católica (aulas de história, lembram?). Ele mandou destruir a abadia e mais cerca de 500 outras igrejas e monastérios. E nessas ruínas foram encontrados (e reenterrados) os restos do Rei Arthur e da rainha Guinevere. O lugar é lindo, dá vontade de chorar ao olhar tudo demolido.

Eu e as meninas almoçamos numa lanchonete no centro. Pedimos o prato típico da cidade... e qual não foi minha surpresa ao ver que era o tal 'calzone folhado' q jantei ontem? :P Mas tava bem bom.

Das ruínas, seguimos para o Chalice Well. É uma fonte de água mineral super rica em ferro, sempre geladinha, que brota do alto de uma colininha em frente ao Tor. A lenda diz que após a morte de Cristo, José de Arimateia voltou a Glastonbury levando com ele o Cálice Sagrado (ele que recolheu o sangue de Cristo na cruz). Ele teria enterrado o cálice lá. Desde então, a água dessa fonte - marcada dois círculos entrelaçados gravados em ferro, simbolizando a união do divino e do terreno - teria adquirido esse 'gosto de sangue' e teria propriedades curativas.

Nós subimos aé o poço, e me impressionou como as pessoas ficam quietas ali, algumas até rezando. Fui até a parte onde podia beber água da fonte, e comentei com as meninas: 'Se é sagrada não sei, mas as flores aqui são lindas." O lugar é todo florido, com umas plantas que crescem maravilhosas. E juro, de verdade, que meia hora depois, enquanto fazia anotações no meu caderno de viagem, a garganta e o nariz pararam de incomodar.

Batemos fotos e chapinhamos pela água, depois voltamos para nosso ônibus para mais uma parada: as pedras de Avebury. Lá as pedras não são tão conservadas como em Stonehenge, até porque as pessoas podem entrar e tocar nas pedras. Tem umas casas da vila que cresceram pra dentro do círculo de pedra (uma delas é o Red Lion, um pub mal-assombrado). Batemos umas fotos, demos uma volta, corremos atrás de carneirinhos que estavam pastando perto das pedras e voltamos pra Londres. Papeei um bocado com a Gemma e a Dani sobre arte, até o ônibus nos deixar no metrô. As meninas voltaram pro hostel e eu corri pra Victoria Station, pra tentar pegar uma sessão de Wicked, mas não tinha sessão naquele dia. Aí, atravessei a rua e entrei num pub, onde finalmente pedi um Fish & Chips, o prato típico da Inglaterra.

Que não tem muita graça.

O peixe à milanesa não tem tempero (algo q já percebi ser comum aqui. Nada tem sal, e qdo tem algum tempero, é pimenta). As batatas são gostosas, mas enfim, são batatas. Em geral, é gostosinho, mas acho que deve valer a pena explorar outras coisas. Eu vi todo mundo pedir o prato com cerveja, e eu pedi com coca-cola light. Talvez seja esse o problema, mas aí ferrou :D Tenho de voltar a um pub outro dia, testar outras coisas, e aproveitar a chance de usar talheres pra comer na Inglaterra. Sim, foi a primeira vez na semana que usei talheres. Voltei pro hotel, encontrei com as meninas todas no hall, mandei um e-mail do comp da Gabi, me despedi de novo da Mari (que tava saindo pro aeroporto) e fui dormir.

2 comentários:

tioendy disse...

Haha, e eu adorava fish and chips! Pelo menos onde eu comia era gostoso. ^^ Mas não lembro que peixe que eu pedia... cod?

Pessoas que não gostam de batata devem ter um problema sério alimentação por lá. Batatas cozidas, fritas, amassadas, com queijo, novas... vixe, dá pra perder a conta de quantas maneiras eles tem pra fazer batatas. Até eu que sou magro engordei por lá.

Curiosidade, você achou Londres bastante "multicultural" (pessoas)?

disse...

Endy, eu achei a cidade multicultural sim, no sentido de que há muitas pessoas de outras culturas, lá. As comunidades orientais e muçulmanas me pareceram especialmente grandes. Porém, eu não percebi uma grande misturança, como acontece em SP, por exemplo. Lá é bem mais definido o espaço de cada um.
Isso sem falar da quantidade de turistas, né? No metrô mesmo, era mais fácil ouvir outras línguas q inglês :P