Distância até Santiago: 110km
Acordamos nos sentindo pessoas novas. O Clinton estava bem e eu estava descansada. Hora de voltar ao Caminho, então! Quando descemos pra recepção, o seu José já tinha café com leite e pão na chapa pronto pra gente.
- COME UM PÃO. O CAFÉ É POR CONTA DA CASA. DEIXA A MOCHILA ALI NO CANTO.
Não só ele tinha feito café,. mas arrumou o transporte das mochilas e ainda nos disse q um outro José iria nos pegar de carro no pé da escadaria e daria a volta, deixando a gente no topo. Ele tava preocupado que começar o dia com uma escadaria poderia forçar muito o Clinton, então era pra começarmos a andar no topo, e a partir dali a trilha seria mais plana.
O Seu José foi um dos anjos que achamos no caminho. Um anjo trombeteiro, mas realmente temos muito de agradecer a ele.
Aí o outro José nos deu a carona e começamos a andar, hoje só com casaco, água e meia mochila (meia extra, capa de chuva e bandaid sempre precisa ter, né?). E contrastando com o solão do outro dia, hoje estava uma "Niebla" danada. Um nevoeiro que não se via nada. A gente tinha que olhar os postes, árvores e casas bem de perto pra achar as setas amarelas.
Mas a caminhada em si foi muito gostosa. Fresquinha, ao longo de vários bosques, e relativamente rápida. Hoje tinha mais pessoas na trilha que ontem, mas ainda uma quantidade ok.
A chegada a Portomrin é muito linda. Primeiro, tem uma ponte enorme. Depois, tem a ponte que existia quando o nível da água era bem mais alto. Ambos lindos.
Almoçamos num restaurante logo ao lado da igreja (o Clinton comeu o famoso 'pulpo'. Eu admito que pratos com polvo me dão engulhos, então fiquei no bifinho mesmo), q tinha Menu peregrino. Depois fomos para a pousada de Portomarin. Era o hotel mais arrumadinho da cidade, pois eu não sabia em que estado estaríamos hoje depois da encrenca de ontem. Mas estávamos muito bem.
Chegamos antes das mochilas na recepção, mas assim que as pegamos, fomos para o quarto, descansamos e mais tarde fomos até a igreja carimbar as credenciais.
Foi meio difícil convencer a moça a carimbar, porque apesar de ela estar sentada na entrada com o carimbo, 'a pessoa que normalmente carimba não estava lá'. Aí eu abri minha credencial e mostrei onde eu queria o carimbo. E ela repetiu que a moça q carimbava não estava lá. Eu me fiz de doida e apontei com o dedo onde queria o carimbo. Aí ela carimbou, mas disse "melhor você perguntar pro padre, porque a moça que carimba não sou eu". Olha, eu tenho certeza que Deus não achou pecado ela usar o carimbo. Mas tadinha, acho que ela foi até se confessar depois por ter carimbado "no lugar da moça que normalmente carimba" :P
Voltamos ao hotel cedo para descansar. Tinha internet, então conferimos o tempo para o dia seguinte e fui olhar o preço das passagens de trem para voltarmos de Compostela, pois a ideia era chegar lá em 4 dias. E adivinhem? o susto do dia foi descobrir q dali a 4 dias não tinha trem saindo de Compostela (descobrimos o porquê mais tarde, mas fica pra depois). Tudo vendido. E dali a 5 dias, só tinha trem de noite, e perderíamos praticamente dois dias que eu poderia estar com meus pais em Madri.
Ficamos um tempo sem saber o que fazer... Mas olhamos bem o mapa e decidimos que iríamos até Palas de rei amanhã. Se estivéssemos bem, no dia seguinte iríamos fazer uma etapa longa até Arzua, e depois uma etapa com caminhada de manhã e de tarde, pra chegar em Santiago.
Isso resolvido, fomos dormir. A caminhada amanhã teria de ser muito bem balanceada se quiséssemos fazer uma perna maior depois.
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