4.2.15

Pá no Camboja, parte 4 - O Templo das Meninas e a cachoeira dos Mil Piu-Pius

Após a visita ao templo Tomb Raider, pegamos o tuk-tuk e nos afastamos una 40km do centro de Siem Reap. Fomos em direção a Banteay Srei, a "Cidadela das Mulheres", ou "Templo das belezas". É um templo pequenininho (poucos andares, murinho baixo), mas que foi construído todo em rocha vulcânica. Como esse tipo de rocha é mais resistente e mais dura, o templo se desgastou menos com o templo. Os entalhes nas pedras são lindíssimos e impressionantes. A maior quantidade de entalhes detalhados (isso soa esquisito, né?) que vimos a viagem toda.

Isso tudo para uma simples portinha lateral.

O nome do templo é recente, e se refere à imensa quantidade de Devatas e Apsaras desenhadas em todas as paredes. Originalmente, acreditam que o templo era dedicado a Brahma, Vishnu e Shiva. Há imagens deles nas torres principais. Os desenhos são tão bonitos que, infelizmente, muitos foram quebrados com cinzel e roubados para venda no mercado negro. O governo local e pesquisadores franceses tentaram ao máximo reproduzir as imagens roubadas e substituí-las por outras, de concreto. Pois acreditam que quebraram e roubaram de novo? Os ladrões eram tão gananciosos (e tansos) que até imagem de concreto estavam roubando. Porque rocha vulcânica vermelha de mil anos e concreto é igualzinho, né? :P

De lá, fomos a outra área mais afastada, Kbal Spean, também conhecida como "Cachoeira dos Mil Lingas". Linga é uma representação do poder dos deuses, criadores da vida. Tem formato cilíndrico e abaulado, tipo um liquinho ou uma salsicha gorducha, que cria novas vidas ao se encontrar com o poder das deusas. Por aí você já entende de onde alguns pesquisadores tiraram a dedução que o "linga" é, na verdade, um piu-piu estilizado.

E obviamnete, visitar lugares cheios de piu-pius chama muito mais a atenção dos turistas do que visitar lugres cheios da "representação física do poder dos deuses", né? :P

Bom, chegar em kbal Spean não foi exatamente fácil, e por essa razão esse lugar é um dos menos visitados da região. Pra chegar lá é preciso subir uma trilha de 1,5km morro acima. E lá no alto, não há templos, nem mesmo uma cachoeira de verdade. É na verdade um riachinho, com várias imagens entalhadas nas pedras do rio.

'Cachoeira' é porque o inglês das pessoas não é muito bom...

Eu entendo porque muita gente reclama e se decepciona. Você anda um bocado e não vê um milésimo das coisas que existem em Angkor Wat ou Banteay Srey. Mas aí eu fiquei pensando quão sensacional era andar no meio do mato, montanha acima, e de repente dar de cara com um entalhe de Shiva tomando um banho de rio. E cada umas das bolinhas representa um 'linga', já gastinhos pela água, mas ainda... lá (eu ia dizer 'firmes e fortes', mas soou mal). Realmente, esse lugar é muito surreal. Os estalhes vão ao longo de uns 100 metros do rio, espalhados pelas pedras.

Assim, eu diria que se a pessoa tem bastante tempo, ou curte caminhar, como a gente, vale a pena visitar a 'cachoeira dos mil lingas'. Não, euy não contei se eram mil mesmo, mas era um monte! Se você é mais fã de um confortinho, deixe esse passeio de lado e vá de tuk-tuk aos templos. Só lembre que as divindades faziam parte do dia a dia das pessoas da região e não se resumiam aos templos - até nos riachinhos do meio de lugar nenhum eram lugares para que elas fossem relembradas e imortalizadas.

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