Um começo complicado

A viagem para a Nova Zelândia foi um arraso. Lugar lindo, gente legal, muitas coisas pra ver e pra fazer. Mas admito que, num primeiro momento, achei q as coisas iam desandar, pq o começo da viagem foi tensinho.

Tudo começou com o embarque, no qual não conseguimos lugares lado a lado, mesmo fazendo checkin juntos. A razão é que compramos as passagens em transações separadas. O detalhe é que o ÚNICO motivo pelo qual adquirimos as passagens em compras diferentes é porque o site da Air New Zealand não deixa uma passagem normal ser comprada com uma passagem "só bagagem de mão". E nós só íamos levar uma mala, então não íamos pagar pela mala extra.

Buenas, lá se vão 3 horas de voo separados. Fizemos um lanche e embarcamos. Até aí tudo bem. Aí chega a hora da janta, e só servem água pros passageiros. A janta não está incluída e tem de ser paga com cartão de crédito. Ok, eu já comi sanduíche de rosbife no aeroporto de sydney, não preciso de janta. Vou ver um filminho. FILMINHO NÃO TÁ INCLUÍDO, pra usar a tv do avião tem de passar o cartão na telinha e pagar 10 dólares!!!

Olha, me senti muito "classe média sofre". Fica o alerta que passagem com eles é mais pelada q foto da playboy: não tem bagagem, não tem comida (nem mesmo amendoim), não tem filminho. E nem é tão mais barata assim que as outras companhias. Teria de pensar pra ver se vale mesmo a pena.

Aí, chego na imigração do aeroporto e preencho a ficha. Até aí, as perguntas de sempre: se tá trazendo comida, dinheiro, se já foi preso, se teve febre, etc. Mas aí tinha uma diferente: "tem cidadania ou visto permanente da Austrália"? Marquei q sim, porque afinal, mentir no formulário pra quê?

Pois chego pra falar com o agente de imigração que olha pro meu passaporte brasileiro (que NÃO precisa de visto pra entrar na NOva Zelândia) e pergunta: "cadê seu visto australiano?"

*momentinho "oi, sou uma brasileira entrando na nova zelândia, o que meu visto australiano tem a ver?"*

- É eletrônico, tá registrado na imigração australiana.
- Você não trouxe cópia?
- Não. Sou brasileira, e me informaram que passaporte brasileiro não precisa de visto pra vir aqui.
- Mas você disse no formulário que tem visto australiano. Como vou saber se você não tá mentindo? Eu não tenho acesso ao sistema da imigração australiana!
- Moço, eu só marquei no formulário que tenho o visto porque tenho mesmo, e não vou mentir no formulário. Mas eu sou brasileira, entrando na Nova Zelândia. Não me ocorreu, e a Embaixada de vocês nunca comentou, de carregar uma cópia do visto australiano, ou dos outros países no qual eu posso entrar, porque não estão ligados a esta viagem.
- GRUNF. *poft, carimbou o passaporte*

Apesar de eu ter mantido a calma e compostura, meu coração tava na boca. Afinal, imigração é um dos poucos lugares onde uma viagem pode ser nabada completamente pelos motivos mais bestas, e era a última coisa que eu queria que acontecesse. Mas aí, ufa, entrei, vamos para o raio-X e desembarque.

Passo no raio-x e saio andando com minha mala toda pimpona, olhando o pessoal sendo revistado, raio-x dos outros, cães farejadores... Quando um beagle vem correndo na minha direção e salta em cima da minha mala. Atrás dele, outra agente da imigração. E na minha cabeça, o pensamento: "CÊ JURA? Que foi agora?"

A moça, que pelo menos dessa vez foi muito educada, pediu que eu abrisse minha mochila, porque o cão farejador tinha detectado algo não permitido. Abri, imaginando que o bicho tinha encrencado com o desodorante, ou talvez com algum dos remédios pra rinite. Porque fora isso, minha mochila só tinha uma camiseta, uma calcinha e um par de meias, todas limpinhas. O bichinho farejou, olhou pra moça e fez au-au.

- Não achei nada irregular, moça, mas meu amigo está dizendo que tinha comida na sua mala. Você carregou algum tipo de alimento nessa mochila hoje?

O SANDUÍCHE DE ROSBIFE.

Contei pra ela do lanche no aeroporto, e ela respondeu: - Rosbife? Ah, isso explica porque ele ficou tão agitado! Bom menino.

Aí ela me liberou e deu um snackitos pro cachorro.

E eu finalmente consegui sair do aeroporto, com uma sensação de alívio imensa (cujo stress causador era completamente desnecessário) e confirmando que, mesmo quando a gente faz tudo certinho, imigração é muito loteria.