26.2.12

O Retorno de Sherlock Holmes

Esse é o nome de um dos livros do Conan Doyle, mas não é sobre ele que vou falar. É sobre um novo livro do Sherlock, que tive o prazer de ganhar de presente no Valentine's Day.

- Peraí, mas o Conan Doyle não morreu há mais de século? Como assim, livro novo?

Posintão, os administradores dos direitos do Conan Doyle (não sei se é uma fundação, os herdeiros, mas enfim, alguém que manda alguma coisa) autorizaram que um outro autor publicasse uma história do Sherlock, seguindo os moldes tradicionais: narrada pelo Dr. Watson, na Londres vitoriana, etc etc.

Chama-se The House of Silk ('a Casa de Seda'), escrito por Anthony Horowits. O cara tem uma experiência boa com mistérios: é autor da série infanto-juvenil Alex Rider e responsável pela adaptação das aventuras de Hercule Poirot para a televisão (é, aquela série que passava na tv a cabo, boa pra caramba).
Terminei de ler o livro e digo: o cara fez um ótimo serviço. O estilo ficou muito semelhante ao original, e acho que se ninguém me dissesse que era de outra pessoa, eu não notaria. Por outro lado, se eu tivesse lido todos os livros e alguém de dissesse 'um deles é de outro autor', eu saberia apontar que era esse.

O motivo é simples, e na minha opinião, a única coisa q ficou um bobalhésimo aquém da perfeição: o cara faz citações DEMAIS a outros livros do Holmes. O Conan Doyle não fazia muitas referências a outros casos em seus livros, e às vezes, quando o dr. Watson falava do passado, até fazia confusão. Já o Horowitz cita coisas o tempo todo: Irene Adler, a liga dos Cabeça-Vermelha, uns quatro ou cinco bandidos presos pelo Holmes... Às vezes dá a impressão que ele quer dizer 'viram como eu li tudinho e conferi todas as informações?'

Isso não chega a ser um problema - é até gostoso para um fã ver essas ligações. Se vc pensar no livro como uma obra de outro autor, funciona bem. Mas se vc quiser pensar em mais uma obra com Sherlock Holmes, esse ponto escapa do estilo original. E teve um personagem que foi citado de maneira muito interessante, discreta, mas que depois o autor acaba explicado demais sobre onde ele tinha aparecido antes. Achei que podia deixar o gostinho pras pessoas procurarem em outros livros - mas tenho a impressão que o público em geral gosta de tudo bem explicadinho, então buenas.

Outra coisa um pouco diferente é que o mistério do livro é mais intrincado do que a média do Conan Doyle (vá, ele era bem rasinho, né? :P). Mas isso só conta pontos a favor.
Me diverti muito, e acho que pra quem é fã é mais que válido ler. Pra quem não conhece Sherlock, não é um bom livro pra começar (por causa do excesso de referências), mas também não precisa ser lido por último - e a chance de agradar é grande.

PS: acabei de ler na wikipedia (então é bom confirmar em outros lugares) que o Horowits vai ser responsável pelo roteiro do próximo filme do Tintin, dirigido pelo Peter Jackson, baseado dessa vez em Os Prisioneiros do Sol. Tomara!

Um comentário:

Marina Lacerda disse...

vai ter outro timtim???? adoroooo