23.9.05

A Cotovelada

Vou contar uma história.
Vamos chamar nossa personagem de... Catarina. Pra usar um nome inspirado furacão, que não param de aparecer. Pois a Catarina era repórter.
Daquelas que fica o dia todo na rua, esperando a coisa acontecer pra depois escrever. Ela trabalha no Diário da Vila.
Aí um dia, pediram para ela entrar na favela porque o governador da vila ia estar lá, com o prefeito e um monte desses figurões meio importantes. "Não sai de perto do governador, porque ele pode falar algo importante", disseram para ela.

E ela foi. Meteu o pé na lama, segui o governador pra todo lado, anotando tudo o que ele falava. Mas teve uma hora que uma multidão começou a se formar e ela foi ficando para trás. Afinal, ela não queria ser mal-educada e ia pedindo licença aos pouquinhos para seguir o fulano.

Mas teve uma hora que não deu. Ela estava quase perdendo de vista o governador da vila, e a pessoa na frente dela estava impedindo completamente a passagem. Ela foi pra um lado, pro outro, mas a parede de um barraco e a multidão dão davam passagem

Foi aí que ela se desesperou e usou a técnica tão conhecida para abrir caminhos em multidão: meteu o cotovelo no fulano da frente, que se ecolheu todo e ela saiu correndo. Não sem olhar pra trás, e quase ter um enfarte.

Tinha metido o cotovelo na barriga do prefeito.

Mas não perdeu o governador de vista.

(Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência. Ou não. No fim, ninguém se feriu, recebeu queixas ou foi demitido)

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