8.6.05

Lugares perdidos no tempo

Uma das coisas que eu mais gostei lá em Gran Canária foi de passear pelas cidades nas montanhas. Las Palmas - que fica na praia - é muito legal, porém as cidades nas montanhas chamam a atenção por serem muito diferentes do que a gente está acostumado a ver por aqui no Brasil.

Pra começar, no Brasil não existe nenhuma cidade com mais de 500 anos. Não estou incluindo tribos neste comentário. Lá em Gran Canária sim.
Era muito mágico começar a subir as montanhas no meio daquelas pedras, depois pinheiros, depois a névoa... e então surgia uma cidade completamente medieval, com uma igreja no meio e várias casinhas grudadas, ao redor de ruas estreitíssimas.
Achei especialmente bonita a cidade de Arucas, a primeira que visitamos, que fica a mais ou menos 1000 metros de altitude. Do ponto mais alto da cidade, você via as casinhas medievais (não devia haver mais de 5 mil habitantes ali) e uma catedral gótica imensa, preta por causa da poeira do tempo.

Na verdade, a catedral nem era tão imensa assim, mas perto das casinhas, tão pequenas e grudadas, era uma monstruosidade. A cidade era cheia de ladeiras, as casas tinhas portas pesadas de madeira e tavernas antigas.
Teve uma outra cidade em que paramos para tomar um lanche. Entramos numa "taverna" e comemos um tradicional bocadilho. E eu me dei conta quehá 500 anos, dentro daquele lugar onde estávamos, alguns marinheiros estavam sonhando com as viagem às Américas. Eles olharam pelo mesmo janelão que eu, apoiaram os cotovelos na mesma mesa de madeira que eu... dava pra sentir no ar que muitas histórias, pensamentos e acontecimentos tinham se passado ali. Talvez até comendo bocadilhos.

Em Las Palmas também há coisas antigas lindas. Destaque para a Casa de Cristóvão Colombo. Sim, ele morou um tempo lá. Afinal, tinha que parar em algum lugar pra comer antes de descobrir um novo mundo, né?
A casa foi transformada num ótimo museu, com maquetes da ilha, de embarcações e com os móveis de época. Há também um pequeno acervo de pinturas que, embora anônimas, tem suas datas tão óbvias! Todas feitas entre 1600-1700. Tem alguns Velásques bem pequenininhos também.

E o bairro de Triana, o centro comercial, foi um choque visual. Dentro de casas antigas - muito parecidas com as do centro de Florianópolis, tipo Conselheiro Mafra - haviam lojas lindíssimas de grifes! Mas com a fachada toda preservada, como há centenas de anos, com sacadas e vasinhos. E sem aqueles luminosos que enfeiam as casas bonitas.
Zara, Stradivarius, Tous, Louis Vuitton... Todas essas tinham sua casinha em Triana. Pequenininhas, mas tão lindas que era impossível não entrar. Deviam fazer isso em Floripa, Salvador, Ouro Preto. Não só na Casa do Barão ou naquele prédio perto do Hippo, mas na cidade toda.

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