2.6.05

Golpe de Estado

Nossa viagem começou bem. A Varig deu comidinhas gostosas e o banco era bem aceitável. Dez horas de viagem deixariam você quebrado mesmo que o banco fosse uma fofura.

Mas aí a gente caiu numa armadilha. O avião que ia para as Canárias atrasou devido ao golpe de estado que estava acontecendo. Por algum motivo, o povo do aeroporto havia se emancipado e declarado a independência da república de Barajas. para garantir o sucesso do golpe, todos os passageiros estavam impedidos de sair e o aeroporto (agora um estado independente) estava cercado por cerca de 8 mil táxis. Do que deduzimos que o PIB de Barajas dependia quase que exclusivamente do serviço internacional de transporte rodoviário, ou seja, das pessoas que os taxistas levavam de lá para outro país (no caso, a Espanha).

Percebemos que cada terminal tinha sido transformado em um estado da República. Com um governo próprio e fornecedores exclusivos de bocadilhos (a comida típica local). Também era intenso o comércio de Toblerones tamanho grande, extra-grande e tão-grande-que-precisa-ser-despachado.

Os orelhões estavam mudos. Eu e Nina entramos clandestinamente em uma sala vip (entrou um bando de arrumadinhos e a gente se enfiou no meio). Conseguimos comer algumas batatinhas, azeitonas e tomar várias coca-colas light sem pagar.

Depois que todos os vôos atrasaram mais de três horas, as pessoas começaram a se desesperar, e muitas, como nós, tiveram de esperar SETE horas ou mais para conseguir fugir. Não havia catinho daquele aeroporto que não tivéssemos visitado, e olha que só o nosso terminal ia do portão 1 ao 85! Ainda não sei se escapamos como refugiadas ou se as Canárias fizeram algum acordo diplomático com Barajas. O caso é que fomos levadas para Las Palmas em um avião que levava a torcida organizada do Fernando Alonso, que acabara de ganhar uma corrida de Fórmula Um. Tipo assim, foi um inferno. E sem direito à comida.

Mas chegamos e fomos recebidas de braços abertos. E a partir daí, foi tudo lindo!

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