22.3.05

A Música da Noite

Assisti ao Fantasma da Ópera no cinema na semana passada. E foi uma experiência maravilhosa, por assim dizer. Tanto que fui assistir mais uma vez com a minha irmã essa semana.
Qualquer crítica de qualquer jornal, site ou revista (como as muitas que já saíram) vai dizer que é um filme apenas para aqueles que amam musicais, que é um filme para quem conhece a obra de Andrew Lloyd Webber, que é lento e não satisfaz aquilo que o grande público busca no cinema.

Quer saber? Estão todos certos.
O Fantasma da Ópera no cinema vai agradar a pouquíssimas pessoas, porque é um gênero muito particular, com pouca ação e muita arte. Mas a essas pouquíssimas pessoas para quem o filme foi feito, eu uso as palavras do próprio fantasma: "let your mind start a jouney trough a strange new world... let music set you free" (deixe sua mente sair em uma jornada por um estranho e novo mundo... deixe a música libertá-lo). E por favor, por favor, não assista a este filme em um cinema sem um sistema de som decente.

Booom, mas falemos de coisas concretas. Por que o filme tem este efeito sobre as pessoas que gostam de ALW (ou que não gostam)?
A fotografia do Fantasma é maravilhosa. As cenas são cheias de detalhes , como se cada uma tivesse sido estudada para ter a melhor composição gráfica. Sim, porque você pode pausar o filme a qualquer momento e terá um belo cartão postal de Paris no início do século passado. As cenas dos bastidores do teatro, do esconderijo do Fantasma e da ópera final, Dom Juan Triunfante, são particularmente atraentes.

Aliás, caso assista ao filme, repare em como a interpretação dos atores e a letra de "Point of No Return" se encaixam perfeitamente na cena do Dom Juan. Hoje qualquer filme, especialmente os meia-boca, é cheio de cenas eróticas e indecentes. Pois essa cena, sem mostrar nem um beijo, é muito mais sensual e de bom gosto que quase tudo o que há por aí.

E se é pra reparar em coisas, veja também alguns errinhos de continuidade. Na cena do barco, a sombra branca da maquiagem da Chritine vira preta de repente. Na cena do cemitério, o cavalo de Raoul corre mais devagar do que os passos dela.

Bom, voltando aos pontos fortes. A trilha sonora dispensa comentários. Quase chorei ao ouvir a Emy Rossum cantar Think of Me lindamente. cuide-se, Sarah Brightman. No filme, todos os atores são cantores, e a única que precisou de dublê de voz foi a Minnie Driver, que faz o papel da aoprano Carlotta. Com um sotaque engraçadíssimo, aliás. "Ai eit mai at", ela fala, quando quer dizer "eu odeio o meu chapéu."

O grande defeito do filme é a falta de ritmo. Como as músicas são enormes, as cenas também o são. E não é comum ver cenas que ficam mais de 5 minutos no mesmo cenário. E nada explode. E as pessoas apenas cantam. Isso é o que espanta boa parte do público.
O outro defeito do filme é um defeito também da peça de teatro que o originou: a primeira metade da história é muito mais agitada e tem canções muito melhores. Do meio pra frente dá pra sentir uma quedinha, que se tentou compensar com mais cenas de ação.

Em resumo, depois deste texto imenso, digo que adorei. Vejo falhas, porém aquelas músicas são especiais demais pra mim pra que eu me incomode com elas. Se você assistir o filme e achar chato, feche os olhos e aproveite uma bela experiência musical.

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