24.4.16

Bela, recatada, blá, blá

Olha só, não tenho nada a ver com a vida da moça lá. Se ela é bela e do lar, ué, deixa ela.

Meu problema com todo esse vuco-vuco do "Bela, recatada e do Lar" é puramente jornalístico. Por um motivo muito simples.

Por definição, o título de uma matéria jornalística destaca o que há de mais importante/interessante/fora do comum em um texto. Partindo desse princípio, há duas possibilidades:

1) Após muita pesquisa, os jornalistas chegaram à conclusão que o mais fora do comum em tudo o que eles apuraram é que a moça é bela, recatada e do lar. Existem milhões de outras mulheres assim no Brasil e nunca ganharam artigo de revista por isso, porque isso é comunzíssimo. Então, desculpa, mas num caso desses a pauta caiu.

2) Havia outras coisas mais interessantes, mas os jornalistas deixaram a imparcialidade de lado e resolveram destacar essas características no título. Se foi esse o caso, independentemente do que estivesse escrito, houve falha no processo jornalístico - falta de isenção.

Não vou dissertar aqui sobre qual possibilidade acho mais provável - minha opinião vale tanto quanto um tostão furado. Só sei que o resultado "deu ruim", com diz a hashtag.

Um comentário:

Dani disse...

Muitas amigas colocaram um ponto importante: a matéria tinha um objetivo definido "Dilma caiu por não ser aceitável ter uma mulher como presidente. O nosso aceitável é estilo Marcela Temer, mesmo que a gente nem tenha falado com ela. Afinal, mulher nem precisa falar."

Segunda-feira, pós-votação, ouvindo CBN no carro foi algo tão assustador quanto essa matéria sobre Marcela... 2016 é o novo anos 1940/1950... :(