Amor em novelos

Ontem a Vó Sylvia foi pro céu. Já fazia tempo q ela estava dodoizinha, e agora ela descansou. Ela sempre sentia muito a falta do vô Beto, e eu realmente espero que eles já estejam de mãozinhas dadas lá no céu, matando as saudades.

Ontem eu também me dei conta que agora todos os meus avós estão no céu. Todos viraram estrelinhas - e com certeza são bem brilhantes, porque eles eram pessoas super legais, gente boa mesmo. Foi uma sensação esquisita pensar que eles todos não estão mais aqui. Ao mesmo tempo, eu pensei que fui bastante sortuda: com a minha idade, meus pais já não tinham avós há um bom tempo. Eu pude curtir os meus por mais de 30 anos. Se isso não for um privilégio, eu não sei o que é.

Eu sempre gostei muito dos meus avós. Os quatro eram bem diferentes uns dos outros. E eu os amava tanto, e sempre fui tão amada por eles, que isso ajuda a controlar as lágrimas um pouco. Claro que eu chorei. Claro que eu sinto falta. Mas quando eu penso neles, não me vem à mente nenhuma coisa triste. Eles estão juntinho comigo, quentinhos no meu coração, e muito, MUITO amados. Eu penso neles e lembro os almoços de sábado, as cantorias com violão, os gibis da Dimaga, os jogos de carta, os esmaltes cintilantes, os livros, os tesouros escondidos do Sombra, as noites cuidando de mim e da Nina, as meias de lã... Em nenhum momento vem tristeza. Só vêm coisas felizes.

Vó Sylvia, Vô Beto, Vó Maria e Vô Lourival: eu AMO vocês. Com o verbo no presente, porque não importa onde vocês estejam, eu amo vocês com todo o meu coração e isso nunca vai ser 'passado'. Continuem cuidando da nossa família aí de cima, ok? Obrigada por terem me dado mais de 30 anos de amor. E pelas meias de lã também, que pra mim eram novelos transformados em amor e quenturinha.