Lama, lama por todos os lados!

Como comentei há alguns posts, participamos no outro fim de semana do Tough Mudder, uma corrida de aventura e resistência pra levantar fundos pra caridade. O lema deles é "Um dos eventos mais difíceis do planeta". Não tá muito longe da verdade não. Acho que qualquer pessoa consegue terminar a corrida, mas ninguém chega no fim inteiro.

O objetivo não é chegar primeiro. O negócio é tão brabo que o objetivo é conseguir terminar. E pode se inscrever em times, porque aí um ajuda o outro (mas o time todo tem de cruzar a linha de chegada, nem que sejam carregados). Nosso time tinha três pessoas, e foi um número bom. Só em dois ia ser muito punk, e com 6 ou mais começa a ficar bagunçado e difícil de manter todo mundo junto. Acho que 4 ou 5 é a melhor opção pra esse evento.

Vale a pena treinar um pouquinho antes. Caminhar bastante, correr um pouco (ou correr bastante, pra que gosta), levantar peso, aprender a escalar paredes, rastejar e fazer aquelas coisas de academia, tipo andar pendurado na escada horizontal e fazer umas barras. Eu sou horrível em barra, e isso dificultou minha corrida. Mas cheguei no final, inteira! Quem terminasse ganhava prêmio: UMA CAMISETA E UM REFRI GRÁTIS! :D

Mas por que raios é "um dos eventos mais difíceis do planeta"? Primeiro, porque é longo. 20km é praticamente meia maratona. É atravessar a avenida paulista inteira 7 vezes. E você não tá correndo no asfalto, e sim no meio de um atoleiro de lama sem fim, com MUITA subida e algumas descidas. Eu ainda não entendi como eles fizeram uma corrida com mais subida que descida, mas anfã, meu cérebro no final já não processava mais nada.

E os obstáculos. Mãe do céu, os obstáculos. Começa light, com você tendo de rastejar por baixo de uma tela de arame farpado. Claro que o chão é um lamão só. E a partir daí só piora. Alista completa está aqui nesse link, mas vou descrever alguns.

É assim que você passa boa parte do tempo. (Tough Mudder -Divulgação)

- Rio Lamacento: tem de atravessar uma corredeira de lama POR BAIXO, porque a superfície da água tá coberta com barris e arames.
- Piscina de gelo: depois de um trecho de corrida, tem de pular dentro de uma piscina de gelo e chegar do outro lado. Vai de 30º a 2º em um segundo. É uma sensação bizonhenta de que seu cérebro ficou tonto e seu corpo não faz a mínima ideia de pra onde ir, apenas quer se livrar daquilo logo. E se demorar, vai ficando pior e pior.

- Carregamento de peso: no nosso caso, tinha de carregar um saco de areia de uns 8kg a 10kg por mais ou menos 1km de atoleiro violento (variando da altura do tornozelo à altura do umbigo). Teve muitas paradas pra desatolar outros corredores de vários times nessa parte, sem ajuda é praticamente impossível.

- Trincheira subterrânea: Tem de engatinhar por túneis subterrâneos, apertados e escuros até achar a saída do outro lado. Não é tão ruim quanto a fuga do Alien 2 porque não tem os aliens, mas claustrofóbicos beiram o desespero aqui. Eu e a Pranjali tivemos de puxar uma menina que travou num buraco e começou a chorar, coitada.

- Plataforma de 5m: pra mim, o pior de todos. Chega na beirada da plataforma e se joga no piscinão de lama lá embaixo. Travei bonito e precisei pular de mãozinha dada com o Clinton. Depois que caiu na água, beleza, só nadar até o outro lado. Mas o pulo, credo, que horror, horror, HORROR.

- Everest: um half pipe bem alto, onde vc vem correndo e precisa alcançar o topo. Pode ser no embalo (o que é bem difícil mas algumas pessoas conseguem) ou pode ser correndo, pulando e rezando pra que alguém forte agarre seus braços (meu caso). É sempre um dos últimos obstáculos, pro pessoal chegar lá esgotado mesmo.

- Eletrochoque: o último obstáculo, bem pertinho da linha de chegada, pra toda a plateia ver seu corpo se contorcendo igual minhoca. É uma pergola de uns 20m com vários fios desencapados pendurados, e você tem de atravessar. O melhor é proteger o rosto e ir correndo, tentando não pensar muito nos choques que encostam em vc. Afinal, se vc parar por causa de um choque, VÁRIOS outros vão te pegar, então o jeito é seguir em frente. Atravessei sem muito problema. Não sei se tomei poucos choques ou se eu já não sentia mais nada mesmo :P

Entre mortos, feridos e enlameados, sobrevivemos todos. no dia seguinte, eu só me mexia na base do Voltaren, mas beleza. Foi divertidíssimo, e já estou pensando em participar ano que vem de novo ^^