10.10.10

As Aventuras da Pá na Terra de Shakespeare - 14º dia

De manhã, o tornozelo da Helene não tava tão bom assim. Ela me passou o endereço do Beco Diagonal do Harry Potter e disse pra eu ir sozinha, porque ela ia pegar um ônibus e fazer um city tour em que não precisasse caminhar. Fiquei um pouco triste, porque gosto de passear com ela, mas entendi. Afinal, andar com um tornozelo torcido é um horror. Desci pra tomar café da manhã com a Ana e depois peguei o metrô, fazendo minha primeira parada em Southwark, do outro lado do Tâmisa.

Fui ver o Shakespeare Globe Theatre, que impressiona por sua cara de antigo - apesar de ser relativamente novo. Ele foi reconstruído recentemente, próximo do local onde ficava o teatro original onde o Shakespeare trabalhava. A Ana disse que comprou ingressos para a peça daquela noite, mas era da maneira tradicional: 3 horas de duração, com a platéia em pé. Acabei optando por apenas visitar o teatro, sem ver a peça mesmo. Como um dia ainda volto nessa cidade, fica pra próxima :P


Cuzei o Tâmisa a pé, passando pela Millenium Bridge. Ela sai exatamente do teatro do Shakespeare e termina na Catedral de St. Paul, a vista é linda demais. Apesar do vento do capeta que estava soprando na hora. Aliás, na ponte abriu um buraco embaixo da minha bota. O tênis tinha encharcado das chuvas, e a bota começou a entregar os pontos após encarar o clima daqui também. Hora de trocar.

Pasei pela catedral e fui andando pela City até o monumento ao incêncio de 1666. Comecei a subir a rua na direção do Leidenhall Market, o tal mercado onde filmaram o beco diagonal do Harry Potter. Cheguei lá e, pro meu ódio, também estava tudo em reforma, como a estação de King's Cross. Só uma ala estava aberta. Caramba, será que estão reformando todos os pontos nerds da cidade, por causa das Olimpíadas do ano que vem?

Bati umas fotos e entrei numa Marks & Spencer pra olhar sapatos. Acabei comprando um casaquinho meio 'almirante' (depois apelidado pela Nina de Casaquinho dos Beatles) e um par de ankle boots. Apesar de terem salto, eram extremamente confortáveis. A fome começou a apertar e corri pro albergue pra largar as sacolas e trocas de sapato. De lá, fui para o Green Park e comi no Pret a Manger. depois, dei uma passeada pelo parque propriamente dito, porque eu quase não tinha visto nada dele quando vim ver a troca da guarda. É bem simples, só árvores, grama e esquilos, mas muito fofinho. Bati algumas fotos perto do castelo de Buckingham (sem a turistada na frente) e fui andando até a Trafalgar Square, pra ir de novo à National Gallery.

Encontrei o Clinton, e como eu já tinha visitado a galeria, não pegamos os guia-fones. Fiquei besta de novo vendo as obras do Da Vinci e Boticcelli. O Clinton gostava mais dos quadros com paisagens e barcos, tipo os de Turner. Eu acho bonitos, mas me impressionam mais os quadros com pessoas, e os bem coloridos. Tinha uns, tirados de altares nos anos 1500, que pareciam pintados com canetinha, de tão brilhosos. Coisa mais linda. Dali, paramos num restaurante italiano. Como da outra vez eu tinha pedido um prato super picante na janta com a Helene, resolvi testar o outro extremo hoje - um fusili primavera, cheio de vegetais. Muito bom. E dali, nos despedimos porque eu já tinha outra coisa pra fazer: assistir O Mistério de Sherlock Holmes, no Covent Garden.

Foi o primeiro não-musical que vi em Londres. E foi a primeira que sentei sozinha numa fileira, porque o teatro só encheu na frente, e eu tava bem no fundo. A peça era muito pra satisfazer os fãs, mas foi escrita de um jeito que um não-fã também pudesse entender. Só não sei se quem não curte Sherlock Holmes iria gostar, porque depois da introdução (que era praticamente todo o primeiro ato), rola uma mega discussão filosófica sobre a importância do Moriarty na vida do Holmes. Mas os atores eram excelentes, e com uma dicção invejável.

Após a peça, vi no mapinha que o teatro era muito perto da Strand, a via que ladeia o Tâmisa, e lembrei que a Dri tinha me falado quão bonita era a London Eye de noite. Fui caminhando por ali, e confirmei que era lindo. Tanto a roda gigante quanto o prédio do aquário ficam acesos com luzes coloridas, muito lindo. Fui voltar pro hostel, e a porta do metrô Westmister ali perto tava fechada. Como não quis ficar zanzando por entre os prédios e igrejas no escuro, acabei chamando um táxi. Meu primeiro 'black cab', que me deixou na porta. O preço é muito próximo do dos táxis de São Paulo... Eu estaria acostumada, se dessa vez não tivesse sido em libras :P.

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